Sustentabilidade da Arquitetura
O que é sustentabilidade e como surgiu este tema? Como fazer arquitetura sustentável?
ARQUITETURA SUSTENTÁVEL
5/8/20256 min read


Essa problemática da insustentabilidade foi argumentada por volta dos anos 1700, no primeiro Tratado sobre Silvicultura, por Carl von Carlowitz, alertando sobre a necessidade de proposição de uma solução para a vertiginosa degradação ambiental. O estudioso concluiu que a velocidade de corte de árvores era elevada em relação ao tempo em que elas levariam para crescer após replantadas.
Em 1972, o assunto foi levantado novamente, tratado como uma preocupação global graças à ONU, que convocou representantes de várias nações na Conferência de Estocolmo (Suécia), intitulada de Primeira Conferência Mundial sobre o Homem e o Meio Ambiente.
Na década de 1980, o documento mais conhecido e difundido com o termo Desenvolvimento Sustentável foi o Relatório Brundtland (1987), intitulado de “Nosso Futuro Comum”. A carta conceitua o Desenvolvimento Sustentável da seguinte forma como o “desenvolvimento que atende às necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”.
A Constituição Federal brasileira de 1988, tem-se sobre desenvolvimento sustentável no: “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”. Nossa constituição federal contém o dever perante a sustentabilidade, contudo se restringiu ao meio ambiente, deixando a desejar quanto refere-se ao social e ao econômico.
Posteriormente a CF de 1988, a ONU junto com diversos autores internacionais de conferências produziu a Agenda 21 foi criada em 1996 pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional (CPDS, e foi efetivamente implementada em 2002, bem como, foi consolidada sendo um dos documentos mais claros delegados às nações com explícitos objetivos de desenvolvimento sustentável - ODS sendo um selado como compromisso político mundial. O Brasil assinou este documento. A Agenda 21 Brasileira e a Agenda 2030 são instrumentos de planejamento que visam o desenvolvimento sustentável do Brasil. O evento Rio+92, instituiu demandas de ação efetivas no meio ambiente para aplicação delas na Agenda 21, segundo Alves, 2020. Mas de acordo com Alves, 2020, houve um reducionismo da problemática da sustentabilidade em políticas estabelecidas nas agendas. Após a agenda 21, gerou-se a agenda 2030.
O Brasil passou a adotar a Agenda 2030 como referência para as políticas públicas em três dimensões: econômica, social e ambiental. Isso permitiu que a adesão aos compromissos com a Agenda da sustentabilidade fosse revigorada com reflexos diretos nas políticas públicas nas três dimensões. Os ODS estão nestas agendas. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um plano global de ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e promover sociedades pacíficas e inclusivas até 2030.
2.1. Objetivos dos plano global - ODS
São ODS:
Erradicar a pobreza;
Acabar com a fome;
Garantir saúde e bem-estar;
Assegurar educação de qualidade;
Promover a igualdade de gênero;
Garantir água potável e saneamento;
Assegurar energia limpa e acessível;
Promover trabalho decente e crescimento econômico em projetos de economia circular
2.2. Ações para cumprir os ODS
Sao as ações para cumprir o ODS:
Ser solidário e voluntário em causas sociais;
Apoiar organizações não governamentais (ONGs);
Doar alimentos, objetos e outros bens em bom estado para reuso;
Plantar a sua própria horta ou participar da construção de hortas comunitárias.
2.3. Acompanhamento dos ODS
O acompanhamento dos ODS são feitos pelos:
O HLPF (High-Level Political Forum) acompanha globalmente os ODS.
Os países apresentam "Relatórios Nacionais Voluntários" (RNVs).
2.4. Pilares dos ODS
Os 5 pilares dos ODS são: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parcerias.
2.5. Como o Brasil está atuando na Agenda 2030?
Reduzindo o desmatamento na Amazônia e no Cerrado;
Elaborando um Plano Clima participativo;
Redirecionando investimentos para a transição energética, a bioeconomia e o uso sustentável dos solos;
Criando políticas para a conservação dos oceanos;
Investindo na preservação de recifes de coral e manguezais;
Organizando o uso do espaço marinho sustentável;
Entre outras diversas ações.
O Monitoramento da Agenda 2030 é feito da seguinte forma:
Os países devem apresentar Relatórios Nacionais Voluntários (RNVs);
O HLPF acompanha o cumprimento dos ODS, identificando iniciativas com resultados positivos e orientando ações a serem aprimoradas.
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), aprovados em 2015, tratam-se de metas do principal marco político-institucional de caráter global na temática do desenvolvimento da Agenda 2030. Seu estabelecimento representa mudança no debate científico sobre desenvolvimento, superando uma compreensão das esferas social e ambiental. (Amin, 2006).
Como isto tudo é aplicável a arquitetura?
Escolher materiais que possuem uma cadeia de economia circular
Escolher profissionais locais ao invés de profissionais para prestar serviços que venham de fora da cidade
Incentivar a economia local com utilização de produtos de consumo local
Fazer arquitetura de acordo com o clima e orientações para maior eficiência energética e bioclimática
Escolher serviços de empresas que estejam sustentáveis
Escolher materiais ecológicos e biodegradáveis
Fazendo Poluição zero e gestão sustentável dos recursos naturais, que são conceitos interligados que buscam garantir um futuro onde a natureza seja preservada e os recursos usados de forma responsável, evitando a poluição e o esgotamento dos recursos naturais. A poluição zero, em particular, visa reduzir a poluição do ar, água e solo a níveis que não prejudiquem a saúde e os ecossistemas. São eles os recursos que se faz gestão sustentável para ter Poluição zero e como avaliá los na aplicação de restauro :
Ar: fazendo a verificação se os materiais escolhidos no projeto e aplicados na obra e máquinas utilizados em obra de restauro são carbono zero;
Água: fazendo a verificação se o consumo de água na obra são baixos e os materiais escolhidos são de consumo baixo de água na sua fabricação;
Solo: fazendo a verificação se há poluição ou contaminação do solo.
Barulho: fazendo a verificação se o ruído está ou foi baixo durante a obra e após com equipamentos de medição acústica ou por meio de entrevistas a vizinhança. O ideal pós obra é a medição de ruído menor que 70dB.
Produtos químicos: fazendo a verificação se os materiais escolhidos no projeto e aplicados na obra e máquinas utilizados em obra de restauro utilizam produtos químicos biodegradáveis para seu funcionamento;
Emissões Industriais e Segurança: são tópicos interligados que abordam a liberação de substâncias nocivas no ambiente, principalmente na atmosfera, e as medidas necessárias para proteger a saúde humana e o meio ambiente. O controle de emissões busca reduzir ou prevenir a liberação de poluentes, enquanto a segurança industrial visa proteger os trabalhadores e o público em geral de riscos associados à manipulação e utilização de substâncias perigosas. Verificar como foi elaborado o controle de emissões na obra de restauro e se os materiais escolhidos aplicados possuem controle de emissões.
Fazer arquitetura sustentável é pensar em 3 pilares (econômico, social e ambiental) ao mesmo tempo. É fundamental para Agenda 2030, ações que estejam voltadas para construir arquiteturas sustentáveis, que cumpram os ODS de forma eficiente e racional.
Fonte:
https://blog.ipog.edu.br/engenharia-e-arquitetura/sustentabilidade-na-arquitetura/
Amin, Samir. Transforming the revolution; social movements and the world-system. Aakar Books, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR ISO 14031.
Gestão Ambiental: Avaliação de Desempenho Ambiental: diretrizes. Rio de Janeiro, 2004.
Alves, Fernandes. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: uma transformação no debate científico do desenvolvimento? MERIDIANO 47: JOURNAL OF GLOBAL STUDIES, ISSN 1518-1219. , 21: e21010, 2020. Visualizado em: <https://www.periodicos.unb.br/index.php/MED/article/view/29887/26648>. Acesso em 14 de abril de 2025.
BARACHO, Anna Sophia Barbosa. Patrimônio Sustentável: reflexões sobre as melhores práticas anglo-saxônicas aplicadas a edificações culturais. 2013. 165 f. Dissertação (Mestrado em ambiente construído e patrimônio sustentável) – Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte 2013.
Biermann, Frank, and Philipp H. Pattberg, eds. Global environmental governance reconsidered. MIT Press, 2012.
InBS, Instituto de Sustentabilidade, apostila do curso gratuito “ESG, o que todo profissional deve saber”, 2025. Visualizado em: <https://inbs.com.br/cursos/topic/conteudo-de-apoio/> . Acesso em 15 de abril de 2025.
Rodrigues, Maria da P. J. Programa Monumenta em Cachoeira -BA: esperança de recuperação do patrimônio urbano e implicações socioeconômicas. Sitientibus, Feira de Santana, n. 47, p.39-68, jul./dez. 2012. Visualizado em :<https://periodicos.uefs.br/index.php/sitientibus/article/download/8587/7129/34334>. Acesso em 15 de abril de 2025.
Sachs, Ignacy. Ecodesenvolvimento crescer sem destruir. Vértice, 1986.
Sachs, Jeffrey D. The age of sustainable development. Columbia University Press, 2015.